quarta-feira, 4 de novembro de 2015

AUDIÊNCIA EM BRASILIA MARCA OS MIL DIAS DO INCÊNDIO DA BOATE KISS

Quase três anos depois do incêndio da boate Kiss, sobreviventes e familiares das vítimas desabafaram na Câmara dos Deputados. Questionaram a morosidade do caso nos tribunais, a atuação do Ministério Público (MP) e a dificuldade no acesso aos medicamentos. E reforçaram o coro por justiça.
Realizada na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a audiência pública marcou os mil dias do desastre que ceifou 242 vidas em janeiro de 2013, em Santa Maria. Trajados com camisetas com imagens dos filhos perdidos, pais e mães espalharam fotos das vítimas em um plenário que recebeu momentos de consternação e de cobranças veementes.
— Choca saber que pais ainda estão buscando justiça pelos seus filhos — destacou Gustavo Cadore, sobrevivente do incêndio.
Na audiência, sobraram reclamações sobre as falhas no repasse de remédios, viabilizado graças a uma parceria com uma rede de farmácias. Aline Henriques Maia sobreviveu à tragédia, porém ficou com problemas pulmonares e necessita de nove medicamentos, que não recebe do poder público.
— Nunca consegui nada da medicação. Estou afastada do emprego e meu salário vai quase todo para a farmácia.
A tramitação dos processos também sofreu questionamentos. Até o momento, ocorreram dois julgamentos. Na Justiça Militar, dois bombeiros foram condenados, enquanto na Justiça Comum outro foi sentenciado por fraude processual.
Já o processo criminal, em que são réus os sócios da boate, Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, e dois membros da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha Leão, não foi concluído.
— Passados mil dias, não temos a justiça para a paz dos familiares. Não queremos nada além da verdade plena na apuração dessa tragédia — protestou o diretor jurídico da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia, Paulo Carvalho.
A atuação do MP recebeu duras críticas, em especial sobre a denúncia por calúnia contra familiares das vítimas, motivada por cartazes espalhados por Santa Maria que insinuam que o promotor Ricardo Lozza e o MP foram omissos no caso.
Subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Fabiano Dallazen defendeu o trabalho do MP, garantiu que o órgão atua para dar celeridade aos processos e evitou entrar no mérito da ação por calúnia.
— Não posso dar posição sobre questão pessoal. O promotor se sentiu ofendido e fez uso de um direito seu — comentou.
Ao final do encontro, o presidente da comissão de Direitos Humanos, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), anunciou a criação de um grupo de parlamentares para fiscalizar o andamento do caso.
— Vamos intensificar iniciativas para cobrar agilidades nos processos e evitar a impunidade.  Chega deste jogo de empurra entre as autoridades.
SITE: ZERO HORAS 

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